A alfabetização infantil é uma etapa fundamental na formação educacional das crianças e – para garantir avanços efetivos – é essencial investir em estratégias que promovam uma aprendizagem significativa. Pensando nisso, o Instituto Chamex, em parceria com a Nova Escola, desenvolveu o Projeto Alfabetização Infantil, implementado nos municípios de Jandira (SP) e São Simão (SP), com o intuito de incentivar a criação de estratégias de avaliação diagnóstica para alfabetizadores. Trata-se de uma iniciativa que reforça a importância da educação na primeira infância e destaca sobre como as parcerias entre instituições podem potencializar a transformação no ensino. Através do Projeto Alfabetização Infantil, no primeiro semestre de 2024, aproximadamente 110 professores das redes públicas de Jandira (SP) e São Simão (SP) realizaram uma capacitação voltada para alfabetizadores.

A avaliação diagnóstica aliada a sondagem, pilares do projeto, revelaram-se ferramentas essenciais no processo de alfabetização. Por meio delas, os professores puderam identificar o nível de desenvolvimento de cada aluno, compreendendo as dificuldades individuais – de leitura e escrita – e criando planos de aula personalizados. A sondagem é um recurso poderoso para evidenciar como o estudante está construindo sua aprendizagem, permitindo uma intervenção pedagógica mais assertiva. Além das estratégias tradicionais, o projeto apresentou uma ferramenta digital inovadora que auxilia no registro e acompanhamento da evolução da escrita dos alunos. Essa plataforma gera gráficos e relatórios detalhados que permitem a realização de sondagens, a comparação dos resultados ao longo do ano, a visualização do progresso de cada estudante e o nível de alfabetização de cada turma. A ferramenta também auxilia a coordenação ao fornecer insights importantes que podem ser compartilhados em reuniões de pais.

Os resultados do projeto podem ser observados nos relatos inspiradores de alguns dos professores participantes da iniciativa. A professora Maria Joseilde Lima Santos, da rede municipal de Jandira (SP), utilizou parlendas, poesias e cantigas de roda como ferramentas para estimular a oralidade e a escrita dos alunos. Essa abordagem, além de ampliar o repertório das crianças, possibilita uma reflexão sobre as relações entre os sons e as palavras, contribuindo para um aprendizado mais enriquecedor: “Quando o estudante não foi apresentado anteriormente às letras e aos seus sons, ele tende a apresentar dificuldades de concentração, de coordenação motora e de interesse pelas aulas. Por isso, recitar parlendas, poesias e cantigas de roda nessa faixa etária é importante”, destaca Maria Joseilde. 

Já a professora Thalita Kiss, também da rede municipal de Jandira (SP), compartilhou como superou sua resistência ao uso de agrupamentos produtivos em sala de aula. Segundo ela, essa estratégia transformou completamente sua prática pedagógica, permitindo que os alunos colaborassem entre si e desenvolvessem suas habilidades em conjunto: “Eu era muito resistente a formar grupos em sala de aula, tinha medo de ‘perder’ a classe. Mas resolvi tentar e deu tão certo que me arrependo de não ter feito antes”, comenta Thalita. A organização dos grupos apoiada na estratégia de diferentes hipóteses de escrita dos alunos foi um diferencial que garantiu atividades adaptadas ao nível de cada um, promovendo um aprendizado mais eficiente, especialmente em salas heterogêneas.

Em São Simão (SP), a professora Thais Ferreira destaca o uso de várias estratégias pedagógicas, uma delas é a utilização de elementos do cotidiano das crianças nas atividades propostas: “Trabalho bastante com lista de palavras, sempre do mesmo campo semântico. Eles [alunos] faziam a lista da feira, por exemplo, e escreviam no caderno individualmente e, às vezes, em grupo”, relata Thais. A pedagoga reforça que esse tipo de abordagem, além de estimular a escrita, também conecta o aprendizado à realidade dos alunos. Thais explica a importância de compreender como cada aluno pensa e como a sondagem individualizada norteia suas intervenções pedagógicas, garantindo que cada estudante receba o suporte adequado para avançar em seu processo de alfabetização: “Acredito que nela [na avaliação diagnóstica] o aluno dá o seu melhor na escrita e, com isso, nós professores conseguimos fazer as intervenções necessárias”, conta Thais.