Brincar fora das telas: o verdadeiro significado da infância

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Estimular a criatividade e o desenvolvimento das crianças vai além de dispositivos eletrônicos: tempo, imaginação e presença são essenciais.

O Dia das Crianças (12/10) vai além de uma data para dar presentes, trata-se de um convite para refletir sobre o verdadeiro significado da infância e para reconhecer a importância de algo simples que apoia o desenvolvimento infantil: o ato de brincar. É por meio das brincadeiras fora das telas que as crianças experimentam o mundo, expressam emoções, aprendem a resolver problemas, socializam, negociam com os amigos e – de modo geral – desenvolvem habilidades essenciais que as acompanharão pela vida toda

 

Contudo, em um mundo tão conectado, as crianças estão cada vez mais em contato com as telas. Um estudo do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação mostra que, na última década, houve um crescimento expressivo no acesso à internet e na posse de celulares por crianças brasileiras na primeira infância (0 a 6 anos). Entre 2015 e 2024, o número de crianças de 0 a 2 anos que utilizam a internet passou de 9% para 44%. Na faixa de 3 a 5 anos, subiu de 26% para 71%. Entre 6 e 8 anos, aumentou de 41% para 82%.

Esse grande aumento no contato com dispositivos digitais levanta preocupações importantes sobre os efeitos desse hábito no desenvolvimento infantil. O uso precoce e prolongado de dispositivos pode impactar o desenvolvimento cognitivo, a concentração, o sono e até as habilidades de linguagem das crianças.

Em contrapartida, brincar fora das telas é uma das linguagens universais da infância e uma ferramenta riquíssima para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional. Quando uma criança inventa uma história com bonecos, transforma uma caixa em castelo ou simplesmente constrói uma cabana com lençóis, ela está fortalecendo as conexões cerebrais relacionadas à resolução de problemas e ao raciocínio lógico. 

 

A criatividade, em particular, é uma habilidade que precisa ser estimulada. A exposição passiva a conteúdos digitais, embora possa trazer benefícios educativos, não substitui a interação social ativa nem a fantasia e o imaginário. A tecnologia pode ser uma aliada, desde que usada com moderação e equilíbrio. É no brincar fora das telas que a criança se torna protagonista da própria narrativa, transforma o ordinário em extraordinário e exercita o pensamento crítico, a inovação e a criatividade.

Pais e educadores têm um papel importante nessa jornada de reconexão com o brincar. Não é preciso brinquedos caros ou complexos para despertar a criatividade: a mágica está na simplicidade e na imaginação.

Veja, abaixo, 5 sugestões práticas para incentivar brincadeiras criativas fora das telas:

 

  1. Crie um “kit criatividade”: prepare uma caixa com materiais simples e recicláveis, como caixas de papelão, rolos de papel higiênico, tampinhas de garrafas pet, tecidos, barbantes, tintas e cola. Desafie a criança a criar o que a imaginação dela mandar, seja um foguete, um castelo, um robô, etc. Esse tipo de atividade estimula o raciocínio espacial e a capacidade de transformar materiais simples em algo novo.

 

  1. Aventuras ao ar livre: proponha uma “caça ao tesouro da natureza”, no jardim da escola, no quintal de casa ou em um parque. O objetivo é encontrar itens como uma folha em forma de coração, uma pedra lisa ou uma pena, por exemplo. Essa atividade incentiva a observação, a curiosidade sobre a natureza e a conexão com ambientes ao ar livre. 

 

  1. Teatro de sombras e contação de histórias: apague as luzes do quarto e use uma lanterna para criar silhuetas na parede. Com as mãos ou pequenos objetos, a criança pode inventar personagens e roteiros. Essa brincadeira não só aprimora a linguagem e a expressão, mas também é uma excelente forma de exercitar a memória e a imaginação.

 

  1. Mini chef em ação: convide a criança para a cozinha e preparem, juntos, receitas simples, como biscoitos ou bolos. A culinária é uma atividade lúdica que ensina sobre matemática (medidas), trabalho em equipe e coordenação motora fina, além de ser uma ótima oportunidade para conversar e estreitar laços afetivos.

 

  1. Brincadeiras tradicionais: resgate ou ensine brincadeiras tradicionais, como amarelinha, pular corda, esconde-esconde e pega-pega. Além de divertidas, essas atividades fortalecem o corpo, o foco e a coordenação motora. Brincar em grupo estimula a socialização, o trabalho em equipe e o respeito às regras, contribuindo para o desenvolvimento emocional.

 

O Dia das Crianças é um lembrete de que o maior presente é o tempo, a dedicação e a oportunidade de brincar e se desenvolver. Atividades simples não exigem grandes recursos, apenas tempo, presença e boa vontade. O envolvimento dos adultos contribui para estimular as brincadeiras fora das telas e criar memórias afetivas. Desperte nos pequenos a alegria, a criatividade e a importância de ser criança. Além de todos os benefícios das brincadeiras fora das telas listados neste texto, lembre-se: uma infância bem vivida, cheia de brincadeiras, imaginação e boas memórias, é o alicerce para uma vida adulta leve, equilibrada e feliz.

 

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